16 dezembro 2008

PARELHEIROS


A exploração da cidade grande te aniquila,
Parelheiros,
Parelheiros de minha infância,

Quem sabe ainda existes
Entre dois montes escondido.
Talvez, deslocado
Te tenhas escondido.
Talvez tenham te empurrado,
camuflado.
Quanto fostes puro e singelo!

Assim te quero pois assim te trago.
Ainda existe o campo do Seu Bento
onde a criançada brincava ao relento.

Assim te quero
Assim te tenho
Assim te vejo.

Percorro teus caminhos estreitos,
subo e desço teus montes (ainda que desfeitos).

Atravesso teus vales, teus pastos.
Molho meus pés em teus riachos.
Busco teus frutos, teus matos,
os coquinhos nos cachos,
as uvaias, goiabas e araçás,
as amoras, gabirobas e maracujás.

Assim, como estas em mim,
Assim te quero.

Não quero ver-te mutilado,
nem queres meus olhos pranteados.


Lair Queiroz Costa (15/07/93)

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