Penso que as lideranças tem consciência do quadro atual do país e do mundo em termos de trabalho e condições de vida. A região de Parelheiros com uma população que beira 200 mil habitantes, com um mercado de trabalho formal que não ultrapassa muito provavelmente 7 mil (o censo de 2000 mostrava menos de 6 mil pessoas com carteira assinada). A distância de quase 1h30 dos centros empregadores, coloca um desafio para a região. Se considerarmos que em 2000 tínhamos matriculados nos equipamentos de educação sob o controle da Prefeitura 7.100 alunos e em 2004 são 14.200, nos vem o questionamento sobre o mercado de trabalho para estes jovens nos próximos anos. É por esta razão que chamo a atenção para a redescoberta e o desenvolvimento do "fator comunidade" e da reflexão sobre o "capital social" da região.
O "fator comunidade" é um diferencial para qualificar uma comunidade comparativamente a outras. A diferença do "fator econômico e financeiro" ou do "técnico", o "fator comunidade" é a energia social que emerge que renasce da comunidade e que mostra conhecer os modos de fazer acontecer. Também de maneira parecida, mas não igual, é utilizado para comparações o conceito de "capital social". Uma comunidade, o povo que habita um território possui maior ou menor "capital social" olhando-se pelo prisma do nível de educação geral e especializada, supondo que esta educação se associe a capacidade daquela comunidade e organizar, produzir e consumir. Certamente a avaliação do tema do "capital social" pode estar associado com o fato de uma empresa desejar fazer um investimento na região e querer encontrar recursos formados que não exija mais gastos para sua formação, ou seja, além do capital financeiro, de infra-estrutura e de trabalho, um investimento exige pensar no "capital social". Uma comunidade organizada e com nível de formação tem um "fator comunidade" maior e capacidade de sobrevivência em um ambiente hostil com maior qualidade.
Como temos afirmado em várias oportunidades, para superar as características de baixa coesão e fragilidade do tecido social, devido a ocupação do território a razão de 8% de incremento ao ano. A grande maioria dos bairros são povoados novos, sem identidade e coesão social. Para que Parelheiros consolide sua identidade no cenário metropolitano é necessário uma presença ativa das Igrejas, das Associações, dos setores de interesse organizados em um grande esforço de cooperação e na reconstrução do espírito comunitário da região. É neste contexto que se deve valorizar os três dias da FESTA DE 178 ANOS DE PARELHEIROS, com a presença do Bispo Dom Fernando e do Padre Marcelo na abertura, do ATO ECUMÊNICO de todas as crenças pela Paz. A FESTA foi organizada por uma Comissão com participação voluntária de pessoas da comunidade. Também do comércio e das empresas. As pessoas em cooperação se desenvolvem e se enriquecem umas as outras. Esta atitude de participação na comunidade está baseada num princípio muito utilizado nas relações entre interesses e grupos que é o princípio do ganha-ganha. A mobilização para a FESTA, com desfile cívico, grupos culturais, exposições de artesãos e memória cultural, com presença de 20 mil pessoas nos três dias de comemorações demonstrou que o "fator comunidade" pode construir outro futuro para a região.
Walter Tesch
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